Muito se comenta sobre o aumento da população de idosos no mundo, fato que ocorre pela própria melhoria na qualidade de vida das populações. Também, é fato que a sociedade ainda não consegue lidar com essa população e, muitas vezes, encontram na prática do asilamento uma forma de "se livrarem do problema”. Os idosos que se encontram em tal estado de negligência tendem a piorar ainda mais seu estado de saúde, já que o convívio social, familiar e íntimo são essenciais para que o indivíduo consiga vitalidade e qualidade de vida.
É nesse contexto que o projeto dos Músicos Atuantes no Âmbito da Saúde trabalha, criando na cultura um espaço onde todos os envolvidos com as instituições de longa permanência possam se comunicar e interagir, recriando assim os laços tão necessários para que a qualidade de vida dos idosos melhore ou seja mantida. Este projeto ocorre em Portugal e na França e, infelizmente, não são é muito difundido no Brasil. Com esse trabalho, os músicos conseguem atingir o objetivo de oportunizar uma vida mais socializada e, mesmo que seu objetivo não seja terapêutico, é visível a melhora dos indivíduos que entram em contato com o trabalho dos músicos.
Esse estudo permitiu o entendimento de que a experiência dos músicos atuantes junto aos idosos institucionalizados se traduz pela busca livre do exercício desta atividade, aliada à busca consciente do relacionamento interpessoal e da intencionalidade expressa no discurso coletivo que resultam no comprometimento profissional, social e humano dos músicos participantes.
A comunicação mais profunda é um desafio, embora às vezes permeada por sentimentos de impotência (e até mesmo de frustração) representadas pelas dificuldades inerentes ao processo; quando a relação Eu-Tu acontece, desencadeia nos músicos emoção e sentimentos de felicidade, afetividade e até mesmo de gratidão, pois reconhecem que o encontro, mediado pela música, possibilitou o seu crescimento pessoal, agregando valor à sua vida. Práticas como esta evidenciam que a música possui uma utilidade prática que não lhe é comumente atribuída dentro da sociedade: a de melhoria da qualidade de vida.
A percepção dos idosos, assim como de familiares/acompanhantes e dos profissionais de saúde envolvidos merecem ser investigadas de forma a compor de forma mais abrangente a especificidade da atuação dos músicos nos hospitais.


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