Muitas pessoas se questionam sobre os malefícios da poluição sonora nos dias atuais, principalmente nas grandes cidades, onde o problema é mais ativo e grave. Com toda a certeza, esse tema não pode ser sublimado; devemos analisá-lo e tentar encontrar soluções para o mesmo. Contudo, como essa questão é passa pela nossa própria estrutura social, a solução da mesma mora na Educação.
Nos primórdios da humanidade o homem usou a música para representar os sons do ambiente sonoro que o cercava. Como esse homem estava em total contato com a natureza, essa paisagem sonora era mais presente e mais útil à ele do que nos é nos dias atuais. Na atualidade, o homem se desligou da natureza e de seus instintos, criando uma sociedade onde tudo se tornou mais cômodo e seguro, desprendendo-se, assim, do sentido da audição para substituí-lo pelo sentido visual. É notada que a cultura ocidental tem uma grande tendência ao visual, o que não ocorre em algumas culturas orientais, que podem ser consideradas mais auditivas. Pesquisas apontam que os indivíduos podem ser classificados entre visuais e auditivos. Os visuais são dominados por esse sentido, sendo, dessa forma, mais suscetíveis aos apelos visuais como publicidade, vaidade pessoal e, em outro âmbito, até ao olhar de terceiros sobre si próprios; geralmente, os indivíduos visuais são pouco práticos e fazem sua imagem valer mais que seu conteúdo. Já os auditivos são mais introspectivos e, ao contrário dos visuais, têm uma tendência maior a praticidade, geralmente demonstram tendências a desenvolver-se no ramo da intrapessoalidade, sendo assim bem resolvidos com suas próprias personalidades.
Nossa sociedade contemporânea, veloz e em constante mutação, sublimou o próprio silêncio; porém, cabe aos educadores musicais tentarem resgatar essa que é uma das características principais da música. Entendamos o silêncio como a tela branca de um pintor, os sons acontecem sobre o silêncio assim como as cores se destacam sobre o fundo branco, podemos preencher totalmente essa tela com variadas cores; todavia, podemos nos utilizar desse branco para delimitar formas e padrões. O mesmo acontece com os sons. A devida percepção dos mesmos pode fazer com que o ouvinte empregue aquela textura sonora em uma obra musical, usando esse som como matéria-prima para a criação de um diálogo musical.
Mesmo estando inseridos dentro de uma sociedade predominantemente visual, ainda existe uma enorme interação entre corpo e escuta. O corpo reage mais facilmente a um estímulo sonoro do que a um estímulo visual, por exemplo, um som muito forte faz com que o indivíduo se proteja automaticamente. Isso apenas demonstra que a relação já é vigente, cabe ao educador musical fomentar essa sensibilidade sonora em seus alunos, fazendo com que os mesmos entendam que estão inseridos tanto em uma sociedade auditiva quanto em uma sociedade visual.
Referências
NÉSPOLI, Eduardo. Espaço Sonoro. Disponível em ‹http://ead2.uab.ufscar.br/mod/book/view.php?id=60941›. Acesso em 30 nov. 2009.

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