SÃO PAULO - Neil Young está irritado com a música atual. O músico de 66 anos criticou veementemente o novo modo de como ela é feita e distribuída em uma entrevista publicada pela MTV News neste domingo, 22. Young está preocupado com a perda de qualidade sonora na música digital - difundida com muito mais facilidade que os discos, através de aparelhos que reproduzem arquivos compactos, como o MP3. "Eu não gosto. Isso me deixa nervoso. Não a qualidade da música, mas nós estamos no século 21 e nós temos o pior som que eu já ouvi. Cadê os nossos gênios? O que aconteceu?", questiona.
O músico defende ainda que, ao ser convertido para MP3, o áudio mantém apenas 5% de seu som original, o que configura um grande problema em termos musicais. "Se você é um artista e cria alguma coisa que você acha 100% ótima, mas o consumidor terá só 5%, você se sentirá bem?", argumenta. (Fonte: Estadão. Disponível aqui)
Neil Young se mostra um crítico veemente do cenário musical atual, um mercado que, ao meu ver, ainda é dominado pelo marketing de artistas que vendem mais "atitude" do que música. Todavia, a atual conjuntura do cenário musical é fruto do próprio negócio musical, esse mainstream remonta desde de antes da época em que Neil Young ascendeu e se firmou como um ícone da música folk. O fim do LP e do CD é apenas um sinal dos tempos e, como afirma o músico, o MP3 é apenas uma amostra do som original da música. Porém, essa perda de qualidade é praticamente insignificante para o consumidor final que não possui os equipamentos necessários para sentir essa diferença; ele ouve música em seu iPod com seus fones de ouvido.
Aparentemente grande parte da revolta de Neil Young com o negócio musical atual é direcionada aos avanços tecnólogicos da área que, além de possibilitar a criação de um novo som, construiu um novo paradigma da relação entre criadores e consumidores musicais. A abertura do campo musical para os amadores e experimentalistas é um dos aspectos positivos do desenvolvimento tecnológico; todos podemos criar e consumir música de formas nunca antes imaginadas. Infelizmente, esses mesmos paradigmas rejeitam de forma bastante violenta as tentativas de reacionarismo: o passado é passado.
Não se quer aqui diminuir o valor de Neil Young para a música global. Todavia, um talento como o dele não será nada alterado por um modelo de negócio musical diferente; ainda seremos capazes de perceber toda sua genialidade ouvindo apenas 5% de sua obra.

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